sexta-feira, 10 de julho de 2009

O alto custo da medicina nos EUA

Num dia desses a Érica foi fazer uma pequena cirurgia na boca para remover dois pedacinhos de tecido que, segundo o dentista, poderiam evoluir para um tumor. Chegou aqui me contando como foi a aventura. A cirurgia era simples e ela estava tranqüila, mas foi chegar lá que se assustou. Montaram um aparato que impressionava qualquer um. Meteram-na numa cadeira e conectaram-na praticamente à mesma parafernália que usaram quando ela deu à luz a Clarissa e o Rodrigo: monitor cardíaco, aquele breguete na ponta do dedo para medir a oxigenação e por aí vai. Além do médico, havia duas enfermeiras na sala e perguntaram a ela se preferia anestesia local ou geral. Anestesia geral para queimar com laser dois pedacinhos de tecido na boca?! Tá louco! Podemos comparar a situação com uma cirurgia por que passei no Brasil, há uns bons 15 anos, para remover dois pedaços de tecido que me estavam cobrindo os molares inferiores e lhes dificultando a limpeza. Era só o meu dentista e não tinha nada de laser, não. Foi anestesia local e um abraço.

Quando se trata de procedimento médico aqui, todo cuidado é pouco. O medo permeia a relação entre médico e paciente. Mas não é medo de machucar o outro, é medo de processo. E isso encarece um bocado o serviço. Dia desses ouvia na NPR o depoimento de um médico com 25 anos de profissão. Dizia que as coisas haviam mudado muito desde que ingressara na medicina. Hoje em dia, numa cirurgia simples, de vinte minutos, contava ele, fica lá uma pessoa na sala só para anotar o que está sendo feito. No fim, ele tem umas 12 páginas para assinar. É para o caso de um erro médico. Quer outro exemplo? Um obstetra aqui na região de Washington gasta 120 mil dólares de seguro por ano. Já imaginou? Você começa a trabalhar todo o mês com um déficit de 10 mil pratas, fora os demais custos. Haja dinheiro para financiar isso tudo e o profissional acaba cobrando muito mais caro do que deveria. É por essas e outras que os Estados Unidos são, de longe, o país que mais gasta com saúde, mas nem assim têm um serviço de primeiro mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário