quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Dia do Tradutor

O dia 30 de setembro é sempre lembrado como o dia da secretária. Eu me recordo de um 30 de setembro em que eu estava trabalhando nos Correios. A secretária, Dona Dálvia, ganhou beijo, abraço, chocolate, flores, festa. Que beleza! Não que ela não merecesse, mas o problema foi que ninguém se lembrou do tradutor. Mas o que tem a ver o tradutor com a secretária? É que o dia 30 de setembro é também o dia de São Jerônimo, o santo-padroeiro dos tradutores. Assim, ficou convencionado que esse é o dia internacional do tradutor. Assim, ficam aqui os meus parabéns aos colegas de profissão.

E agora, quem não for tradutor, largue o computador um pouquinho e vá cumprimentar o seu tradutor favorito, pois ele merece.

sábado, 26 de setembro de 2009

Santo André

O ocorrido em Santo André na quinta-feira foi resultado de uma combinação explosiva: irresponsabilidade e fiscalização frouxa, que ainda prevalecem no Brasil do jeitinho, da vista grossa, da ilegalidade. Arrasou-se um quarteirão inteiro, duas pessoas morreram, dezenas se feriram e o patrimônio de vários foi destruído.

O casal não tinha autorização para operar uma loja de fogos de artifício; tampouco podia fabricá-los, o que fazia de forma clandestina, como se suspeita. Evidentemente, são os grandes culpados. Personificam o que analiso como uma certa falta de respeito do brasileiro pela vida alheia. Nas nossas ações, não nos preocupamos com o impacto sobre os outros. É a mesma negligência que demonstramos ao dirigir como dirigimos, ao jogar lixo na rua.

E as autoridades? São culpadas também. Apesar de terem sido avisadas repetidas vezes, conforme alegam as pessoas da região, não fizeram o suficiente para evitar o ocorrido. Interessante ver que, um dia depois da tragédia, a polícia saiu à rua para investigar denúncias de venda irregular de fogos. Duas lojas foram fechadas. É o proverbial cadeado após a porta ter sido arrombada.

Mas quem vai cobrir os prejuízos? Um americano que visse aquela destruição toda pensaria logo que algumas seguradoras morreriam numa grana preta. Não no Brasil. Ainda não temos essa cultura do seguro. Acho difícil que alguém ali tivesse a casa ou loja segurada. O casal que operava o “bazar” muito provavelmente não tinha seguro para cobrir os danos causados a terceiros. E agora, quem vai pagar? O governo? Se fosse aqui, já haveria gente processando as autoridades por não terem feito a parte delas, qual seja, fiscalizar e fazer cumprir as leis. Certíssimo.

Carecemos de duas coisas que fazem a diferença aqui nos EUA. A primeira é o fato de que as autoridades arrocham mais do que aí. No Brasil, a coisa corre solta. Se der uma zebra, deu. Não precisa se preocupar porque a cana, se vier, não é tão dura. A segunda, diretamente relacionada à primeira, é a responsabilização. Nos EUA, grosso modo, não existe acidente, ou melhor, dificilmente existe o acidente do qual ninguém é culpado. É preciso encontrar o culpado porque ele será responsabilizado e vai pagar, e caro, pelos danos. Claro, os americanos levaram essa idéia às últimas conseqüências e vemos processos descabidos por qualquer motivo. Mas no Brasil, temos o oposto. Ainda se tem a sensação de que pouco adianta recorrer à Justiça, pois um processo corre anos a fio nos meandros dos tribunais e a justiça nunca é feita. Precisamos nos americanizar um pouquinho e começar a ter mais responsabilidade e responsabilização.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Vítimas do mesmo mal

Câncer de pâncreas. Um dos mais terríveis. Agressivo e de difícil diagnóstico, ao ser detectado normalmente já está em estágio avançado. E o fato de o pâncreas estar ali escondidinho atrás do estômago dificulta uma intervenção cirúrgica.
Nas telas, Patrick Swayze foi ótimo como dançarino, leão-de-chácara, fantasma, drag queen. Marcou a minha geração. Mas, com esse currículo todo, ele ainda perde para a Renilde. Minha prima, queridíssima, também vítima de um CA de pâncreas, nos deixou em março do ano passado. Entre tantos predicados, fazia um pato no tucupi e uma maniçoba como poucos. E tinha mais, sempre guardava o melhor pedaço do pato pra mim. Era o jeito dela.
A Nilde se foi sem saber que me ajudou a abrir os olhos e ver que a situação em que me encontrava naquela época não era um problema, mas tão somente um empecilho, um pequeno obstáculo a ser transposto. Por tudo isso, lhe serei grato pelo resto da vida.

domingo, 13 de setembro de 2009

Leite derramado


Quando vi o livro pela primeira vez, lá em Rio Preto, me aborreci. Por que os livros do Chico, do Verissimo e de vários outros autores no Brasil são paginados de forma a deixar tanto espaço em branco na folha? Para mim, é um desperdício de papel. Não estou pedindo para espremerem as linhas em cada página, mas sejamos um tantinho ecológicos, ora! Isso me faz lembrar de um conhecido que dizia que, para um livro poder ser considerado realmente um livro, não pode tombar após ser colocado em pé na mesa. Se não passar no teste, é no máximo um fascículo. Mas vamos ao Chico.

Estorvo não me arrebatou, por assim dizer, mas gostei de Budapeste. Após ler resenhas positivas sobre este livro, resolvi comprá-lo. Até o momento, é o melhor deles. A leitura é ágil e flui melhor do que a dos outros.

Na página do livro na Livraria Cultura, na guia “Saiu na imprensa”, há um vídeo de uns seis minutos com o Chico lendo um trecho do livro. Confiram.

Vou tentar terminar esta leitura logo porque chegou hoje da Amazon um outro, sobre novas idéias sobre a criação de filhos, que pulou todos os livros que estavam na fila.

http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=13005475&sid=9816916121191331826134418&k5=33B89FDE&uid=

O ataque da Copa

Como o Adriano jogou bola ontem, hein?! Se ele me faz aquele gol da matada no peito, o Maracanã vem abaixo. Deve ter se dado conta de que ficou devendo no jogo contra o Chile no meio da semana. Mas que ninguém se assanhe e comece a imaginar, por exemplo, o imperador e o gordo na África do Sul. É um ou o outro.

Não vejo lugar para os dois na Seleção. Os atacantes da Copa vão ser Luís Fabiano, Robinho, Nilmar (ou Tardelli, talvez, se o Nilmar estiver machucado) e Ronaldo ou Adriano. Luís Fabiano é eminentemente um homem de área e é lá que tem que jogar, pois tem feito gol adoidado. É o homem-gol e o titular da camisa 9. Ronaldo e Adriano não se movimentam tanto, sobretudo aquele, e também jogam mais dentro da área. Para ficarmos apenas com um atacante leve, o Robinho, não dá. A Seleção fica limitada, sem muita opção. Mas e se o Dunga resolver levar um atacante a mais? Aí sim, mas não vai ser o caso.

No ano que vem, veremos uma boa disputa entre Ronaldo e Adriano. Vão fazer gol à beça, defendendo os times de maior torcida do Brasil. Nosso futebol só tem a ganhar com isso. Mas quando chegar a época da derradeira convocação, só um vai à Copa. Quem? A escolha é difícil. O Adriano é mais novo, mas o Ronaldo é mais jogador. Com os dois em forma, acho que prefiro o gordo. Ele é mais decisivo.

Comédias Brasileiras de Verão



Acabei num dia desses. Verissimo é sempre uma beleza. Mas aviso logo que não são histórias inéditas. Talvez uma ou outra seja, não sei, mas muita coisa foi tirada de um livro dele chamado Histórias Brasileiras de Verão, publicado pela própria Objetiva em 1999.

A leitura é leve e flui bem. As histórias são curtas, duas, três páginas, o que facilita parar a leitura no meio.

http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=11028610&sid=9816916121191331826134418&k5=14278535&uid=

De volta à “casa”

Foram seis semanas, seis longas semanas. Não se deve dizer nunca, mas prometi a mim mesmo nunca mais ficar longe de casa por tanto tempo. No início do ano passado, já havíamos viajado por cinco semanas. Não aprendemos a lição. E olha que nem somos neozelandeses, que têm a fama de fazerem verdadeiros périplos. Mas acho que faria o mesmo se eu morasse lá no fim do mundo como eles moram.

Mas foi bom voltar pra casa. Eu ia aspear casa todas as vezes que aparecesse no texto, mas desisti. Já notei que ficou casa sem aspas logo no primeiro parágrafo. O motivo das aspas é que onde estamos agora é a nossa casa, porém não por muito tempo. Nas últimas semanas no Brasil, tinha uma sensação estranha ao pensar que voltaria para uma casa que logo deixará de ser a minha. É mais ou menos como se já não fosse.

Mas isso não significa que já, digamos assim, tenhamos jogado a toalha e desistido de vez dos EUA. É que somos realistas e sabemos mais do que ninguém o que vai por nossas cabeças, do que precisamos no momento. Só eu sei tudo o que nós passamos desde fevereiro de 2008, ou talvez eu deva puxar o início de todo esse processo para meados de 2007. Mas eu já estou fugindo do assunto.

Foi bom voltar pra casa. Claro, sempre há uns senões. Fiquei logo contrariado ao olhar pela janela e ver o matagal que havia tomado conta do meu quintal. Aquilo me abalou. Sabem que naquela noite, sonhei com o Cabañas? Lembram-se dele? No pesadelo, não era que me aparecia outra marmota no meio daquele mato. Credo! Ao ver o matagal, pensei logo: “Lá vou eu ter que cuidar disso.”


Natureza não é a minha e esse tipo de serviço não me agrada. Mas sabem quanto custa mandar alguém fazê-lo por mim? Uns cem, cento e poucos dólares. Caro? Caríssimo, sobretudo quando eu me lembro da situação de um amigo que vive numa cidade próxima a São Paulo. Ele tem um rapaz que lhe vem em casa fazer todo o tipo de serviço braçal, duas vezes por semana, por 350 reais ao mês. Que maravilha! Nesse aspecto, o Brasil dá de 10 x 0 nos EUA. Viva a mão-de-obra barata! Um conforto desses não tem preço, não apenas por você não ter de fazer o trabalho duro, mas por poder dispor desse tempo — o tempo, a mais preciosa das riquezas —, para fazer coisas mais proveitosas.

Tenho que admitir que as horinhas que passei desbastando o quintal foram boas para arejar as idéias, pensar um pouco. Claro, duas Bud Light Lime ajudaram, mas isso não vem ao caso. Um ex-professor e ex-colega meu da UnB me dizia que a melhor hora para lhe aparecerem boas soluções para problemas de tradução era quando limpava a piscina na chácara. Você está ali, fazendo um serviço que não exige muita massa cinzenta e aí a cabeça fica livre para pensar melhor. Faz sentido, mas não é por isso que eu vou passar a fazer esses serviços braçais todo lépido e faceiro. Vou sempre pensar que poderia estar lendo um bom livro.

Como era de se esperar, a casa ficou de pernas pro ar após nossa chegada. Era muita mala pra desarrumar, roupa pra lavar e, claro, duas crianças que, pela tenra idade, mais bagunçam do que arrumam. Minha mesa aqui embaixo, no meu escritório/refúgio/academia ficou uma tragédia. Haja papel. E olha que já havia coisa amontoada em julho, antes de viajarmos. Mas aos poucos fomos dando conta de tudo. Ontem à noite cheguei em casa do Fundo e tive a sensação de que havíamos conseguido finalmente dar à casa uma cara de arrumada, o que durou algumas horas, até as crianças acordarem. Coitados, os bichinhos são bonzinhos e fazem a bagunça normal que toda criança faz. Mas ainda arrumam muito pouco.

Mas eu dizia que havia chegado do Fundo. Pois é, fui lá assinar um papel que precisava assinar. Tenho procurado ir lá o mínimo possível. Acho que esta foi a terceira ou quarta vez que estive lá desde maio. Junto tudo o que tenho de fazer lá e tento dar cabo numa viagem só. Para que ir lá? O lugar me deprime. Mas não pensem que eu ainda me apoquento com aquilo ali. Já passei por todo o ciclo por que passa quem se vê na situação em que eu me vi. Mas o lugar se tornou deprimente e não há muito que eu possa fazer quanto a isso além de minimizar minhas idas até lá. Que fique claro que não são as pessoas (evidentemente, há sempre uns que destoam do resto). Tenho amigos lá e me têm em muito boa conta, tanto que as vezes em que estive lá acabaram se estendendo por muito mais tempo do que eu esperava. Mas deixemos isso pra lá.

Este foi o meu texto da volta para casa. Pretendia tê-lo escrito, exatamente, logo após a volta, mas fui me ocupando com outras coisas. Vou tentar ser mais assíduo. Tenho muito sobre o que escrever. O dia-a-dia me dá bom material e as seis semanas na Pindorama vão render muitos textos. Vi muita coisa aí que merece ser comentada e farei muitas comparações sobre a vida aí e a vida aqui. É só aguardarem.