terça-feira, 8 de julho de 2014

E as lágrimas me correram pelo rosto

E as lágrimas me correram pelo rosto. Eu não chorava por uma derrota numa Copa desde 1986. E como chorei naquela Copa, durante toda a prorrogação e os pênaltis. Tinha 15 anos e via o último suspiro de uma geração maravilhosa, seguramente a melhor desde o tricampeonato; para alguns, a melhor que já tivemos. Mas hoje foi duro, está sendo duro, a dor não supera a de 86, mas algumas coisas vão ficar comigo para o resto da vida. Perder faz parte do jogo, mas perder como perdermos não é fácil. Gols de pelada de churrasco, linha de passe dentro da nossa área. Se nos serve de consolo, redimimos o Barbosa e os jogadores de 50, diminuímos, se nos perdoam os uruguaios, a importância do Maracanazo, se isso era possível. Quando entrou o sexto gol, a goleada clássica, me lembrei dos 6 x 0 que o Botafogo nos impôs e que lhes devolvemos, na mesma moeda, nove anos depois. Mas a lembrança mais amarga que vou guardar desta derrota é a carinha da Clarissa, minha filhotinha, olhando o pai de soslaio, o pai com lágrimas no rosto. Daqui a 10, 20, 30 anos, ela certamente vai dizer: "Eu me lembro daquele jogo, me lembro do meu pai, lágrimas nos olhos, naquela poltrona no canto da sala onde ele gostava de ver o futebol." Não queria deixar essa lembrança para ela, mas há emoções que a gente não segura. Sorte do Rodrigo, que absorto no seu Minecraft, não presenciou esse sofrimento todo. Mas bola pra frente que, amanhã, a vida continua.