Depois de um dia cansativo, em
que resolvi coisas que pai tem que resolver na rua, traduzi um tanto sobre o coronavírus
e seus efeitos sobre a economia mundial e continuei a revisar um artigo
científico, onde eu acharia ânimo e inspiração para escrever? Escrever? Sim,
neste 2020, uma das minhas pretensões era tornar a escrever. Pois ontem resolvi
que escreveria alguma coisa pela passagem deste 11 de março. Data melhor não
haveria. Ora, completo 49 anos de vida e fecho a última volta dos 40. Um bom
momento para refletir e, por que não, aproveitar para pôr umas palavras no
papel ou, como queiram, na tela.
Quando jovem, não pensava muito
em como eu estaria aos 49. Velho, já com filhos, provavelmente. Bom, os filhos aí
estão, mas não me sinto velho. Decerto, os que estão mais à frente na sua
caminhada dirão que ainda estou um garoto, enquanto os mais novos e, claro,
meus detratores (sempre os há) dirão que já estou velho. Pois não me sinto um
homem de 49, não mesmo. Decerto as dores e achaques da idade me fazem lembrar
de que garoto já não sou mais, porém ainda sinto que tenho energia para fazer
muita coisa.
Ontem, na conversa com minha
terapeuta, comentei que essa idade é um marco importante para mim. Sim, estou,
mais do que nunca, às portas dos 50, mas a questão é outra. Lembrei que 49 anos
era a idade que tinha meu pai quando faleceu. Mil coisas me passam pela cabeça,
chego a me comparar com ele, o que é injusto. Ele foi longe para um homem que
enfrentou uma vida dura e conviveu com uma implacável anemia falciforme. Apesar
dos pesares, gozo de muito boa saúde e tenho me cuidado para ir bem mais longe,
por mim e pelos que estão à minha volta.
Mas e a festa? Na verdade, já houve uma pré-comemoração no dia 26/2 e vou terminar de comemorar neste fim de semana. Não sou dado a festanças em datas como esta. Não me lembro da última que organizei. Prefiro uma coisa mais petit comité. E esta quarta vai ser um dia como outro qualquer, gente. É dia útil. Tenho trabalho na minha mesa me esperando, pelo que sou imensamente grato. Tenho lido e ouvido que muitos colegas estão com menos trabalho do que o habitual por causa do coronavírus e por uma ou outra trapalhada que certas pessoas andam aprontando por aí. Por essas e outras, não vai ser hoje que vou parar. Claro, vou ver as pessoas que amo, pelo menos as que estão próximas, cortar um bolinho, cantar um parabéns, já está ótimo. E se tudo der certo, vou para a cama feliz com mais um triunfo do meu Flamengo.
Mas como estou ao iniciar meu
quinquagésimo ano de vida? Após um 2019 de muitos sobressaltos, estou bem,
estou feliz. Continuo devotando muito do meu tempo ao trabalho, pois quem me
conhece sabe que é o que me define, que me preenche, que me mantém vivo. Contudo,
tenho procurado cuidar mais de mim, da saúde, tanto física como mental, e tenho
buscado dedicar um pouco mais de tempo às coisas que me dão prazer, como a
leitura, a música. E vou voltar a estudar. Tradução? De jeito algum. É coisa
que tem mais a ver com paixão, com algo que sempre gostei de fazer e que agora
resolvi aprender a fazer direito. Tem a ver com amar, como diria Mia Couto. Vai
ser um desafio, mas estou disposto a encará-lo.
E falando em amar, tens cuidado
do coração, João Vicente, perguntará um ou outro. Sim, claro. Não posso me
descuidar dele. O segredo é
Ginástica, ora, que ele agradece;
Serenidade para aceitar o que não consigo mudar; e, claro,
Leveza, pois chega de carregar
coisas pesadas.
Até os 50!