quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O sorriso


E assim que saí do prédio hoje de manhã, uma loura alta, bonita, sorriu para mim. Que devaneio! Sorriu na minha direção, só podia ser para outro alguém. Mas um sorriso não é coisa que se ignore. Era o início de mais um dia me sorrindo, me dizendo, “segue em frente, cara”. Sorri comigo mesmo, pois um sorriso lava a alma, inspira, e tomei o caminho do trabalho.

Tenho passado noites ruins, dormido mal. Sou daqueles que dorme e só acorda no dia seguinte. Tenho acordado várias vezes à noite. Sonho com trabalho, já me peguei traduzindo no sonho mais de uma vez. Noite passada, sonhei com beija-flor (com o passarinho, não com a escola de samba, que sou mangueirense), conversei com o Obama. A cabeça anda meio atrapalhada. Tenho trabalhado muito.

Um pouco mais à frente, outro motivo para sorrir: os cachorros espalhados pela rua. Tem uma cachorrada danada solta pelas ruas de Santiago. Lá estavam dois, um macho cortejando uma fêmea, daquele jeito que eles fazem, seguindo e cheirando. Um pouco mais atrás, um pulguento, se coçando. Abri um sorriso porque aqueles três teriam dado uma foto ótima. Há semanas que estou pensando em tirar fotos desses caras. Perdi a oportunidade, mas haverá outras.

Meti uma música no iPod. Grey Street (http://www.youtube.com/watch?v=3sHmx4EgTDo) é, por assim dizer, a música da Clarissa. Na verdade, há várias músicas que me fazem lembrar imediatamente da minha filhota, mas Grey Street foi a primeira. Eu me lembro bem de escutar essa música no carro, dirigindo por Washington, naquele 15 de outubro de 2003, horas depois de ela ter nascido. Passou a ser a música dela.

E continuei minha caminhada para o trabalho, pensando que eu tinha muitos motivos para sorrir. Apesar de uma notícia não muito boa que recebi ontem, segui em frente. Estou cansado, com saudade de casa, do Brasil (imagina?!), mas tenho que estar feliz porque tenho muito trabalho, estou fazendo o que gosto de fazer e as perspectivas são ótimas. E saí pensando naquela inveja boa que bate quando vemos uma pessoa sorridente na rua e não temos a mínima ideia do porquê de tanta alegria. Pois hoje foi dia de os outros sentirem inveja.

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