quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tradução de notícias

Dois tostões na esteira de uma mensagem recebida de um colega sobre uma tradução porca. O trecho em questão é este:

"A maioria dos presentes disse dar as boas-vindas à mudança de Obama, embora alguns, como o sargento retirado Israel del Toro tenham evitado fazer comentários a espera das decisões do próximo comandante-em-chefe." (http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI3462308-EI12934,00.html)

Para os tradutores, a Internet é uma das melhores coisas já inventadas. Com ela, a informação está sempre acessível. Se eu me visse limitado a apenas uma ferramenta de referência, não pensaria duas vezes: Internet. Com uma boa pesquisa, se encontra (quase) tudo. Mas a Internet também cria problemas.

Hoje em dia, as notícias são dadas quase que imediatamente após o fato. Uma notícia sai em inglês na CNN, na Reuters, na AP e, em virtude da velocidade dos meios de comunicação, o público espera que ela apareça nas demais línguas logo em seguida. Quem traduz isso? Como é feita a tradução? Adoraria ver o que se passa nos bastidores de sites como G1, Terra, Uol para verificar o processo por que passa a notícia até ser transformada naquilo que tentam nos passar como português.

Costumo ler as notícias do Brasil no G1, no Estadão e, com menos freqüência, no Correio Braziliense. Como a língua portuguesa tem apanhado! Muita coisa parece ser feita com tradução automática (pelo computador), mas outras são orelhadas de gente em carne e osso, como esse "retirado" (reformado) e este trecho maravilhoso ("disse dar as boas-vindas à mudança de Obama"). O Obama mal assumiu o cargo e já vai se mudar?! Na verdade, a notícia está eivada de erros.

Tais erros são vistos com cada vez mais freqüência no noticiário e há muita gente que passa por eles naturalmente, sem se dar conta. E o pior é que eles acabam sendo incorporados nos artigos redigidos originalmente em português. Já notaram que cada vez menos se vê as palavras equipe e praticamente? No meu tempo, a Ferrari era uma equipe de Fórmula 1 e o Brasil mandava uma equipe para jogar a Copa Davis (de tênis). Hoje em dia praticamente se ouve apenas falar em time. O Ipatinga se viu “virtualmente rebaixado” no Brasileirão do ano passado, e o São Paulo, nas últimas rodadas, era o “virtual campeão”. Credo! Há quem argumente que isso é o irrefreável processo evolutivo da língua. Para mim é involução.

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