sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O Brasil na vanguarda do desenvolvimento

Assisti com interesse à notícia de que foi aprovada legislação para obrigar as montadoras a instalar air bags como equipamento de série nos carros novos. Como ela ainda precisa ser sancionada pelo Presidente e regulamentada pelo Contran, e a indústria automobilística terá cinco anos para se adaptar à nova regra, vai levar tempo até a mudança ser efetivada. De qualquer forma, apesar da demora, a notícia é muito bem-vinda.

Os air bags para o motorista e o passageiro da frente são equipamento de série nos carros fabricados nos EUA há dez anos. Quem quer mais proteção pode comprar um carro aqui, não necessariamente um modelo caro, com oito a dez air bags. Quando o sistema é ativado, se forma um cortina que protege, inclusive, os passageiros no banco de trás. Sabe lá Deus quando chegaremos a esse estágio. Mas isso não me preocupa tanto. Há outros problemas não tão complexos que já deveriam ter sido resolvidos no que tange à segurança dos veículos brasileiros.

Quando vamos ao Brasil, é comum alugarmos um carro, especialmente em Brasília. Normalmente, escolhemos um modelo popular, com ar condicionado e só, que é o que nosso orçamento comporta. Não dá para ir além disso, pois o que se cobra pelo aluguel de um veículo no nosso país é proibitivo. Pois bem, uma vez alugamos um Palio “quatro portas” e, num belo dia, a Clarissa, muito curiosa, abriu a porta com o carro em movimento. A sorte foi que ela estava na cadeirinha, presa pelo cinto, o que evitou um acidente grave.

É inconcebível que se venda um carro, seja ele popular ou não, sem um equipamento de segurança básico como travas à prova de crianças ou, dou outro exemplo, sem o desembaçador do vidro traseiro (como se o vidro completamente embaçado não atrapalhasse a direção). É uma irresponsabilidade que mostra como é curta a visão das montadoras. Quando morre o motorista e/ou os passageiros num acidente, lá se vão consumidores em potencial, que anos depois comprariam outros carros. As montadoras não se preocupam nem em preservar a sua base de clientes. Mas do jeito que vem crescendo a venda de automóveis nos últimos anos no Brasil, que diferença faz se morre uma (não tão) pequena fração dos compradores? Haverá muitos outros para compensar essa perda.

O principal argumento contra a instalação desses equipamentos “opcionais” (ao menos segundo pensam os fabricantes) nos carros populares é que os carros ficariam caros demais para o povão. Uma idéia: Por que o governo, de forma magnânima, não renuncia a uma parte do IPI, mais precisamente, ao valor que corresponderia à diferença de preço decorrente da instalação de itens de segurança em todos os carros? Estou certo de que a economia com a redução dos gastos hospitalares com acidentados e, acima de tudo, as vidas que se salvariam mais do que compensariam a receita não arrecadada. Está lançado o desafio.

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