quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Com ou sem nota?

Minha cunhada, a quem sou muito grato, nos passou alguns móveis para que não ficássemos sem nada, esperando nossa mudança chegar. Nessa pequena mudança que chegou aqui na semana passada, vieram sofá, colchão, mesa e cadeiras de jantar, geladeira, fogão, mas ficou faltando o tampo de vidro de uma mesa de escritório. Logo isso! E eu precisando de uma mesa para começar a montar a minha bodeguinha e voltar a trabalhar.

Telefonei para uma vidraçaria daqui da cidade para ver quanto sairia para fazer esse vidro. A moça me deu lá um preço e disse que era sem nota. Se eu quisesse com nota, o marido dela teria que acrescer uma taxa a esse valor. Depois de oito anos nos EUA sem ter ouvido uma coisa dessas, isso soa até engraçado. É bem a cara do Brasil. Como a emissão da nota fiscal obriga a emissor a pagar o imposto, não emiti-la é uma das formas que temos de driblar o fisco. Lá nos EUA, onde os impostos também causam irritação, há até quem pegue um avião e jogue-o contra o prédio da Receita de lá, como fez aquele idiota em Austin. Cada um com seu problema e com sua solução.

No fim das contas, tem-se um círculo vicioso. Procura-se evadir e elidir porque os impostos são escorchantes. Mas os impostos são altos porque pouca gente paga. Será que, se fossem mais baixos, mais gente pagaria? Tenho minhas dúvidas, sobretudo se pensarmos na índole do brasileiro e imaginarmos que talvez os impostos nunca seriam baixos o suficiente. Para piorar, é no mínimo desestimulante pagar impostos e ver onde o nosso dinheiro vai parar. Salários de servidores públicos que não servem, bolso de vagabundo e por aí vai. Um amigo nos EUA dizia que tinha prazer em pagar imposto lá, pois ao menos tínhamos um retorno do governo na forma de serviços de qualidade. Ainda falta muito para chegarmos a esse estágio.

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