domingo, 25 de outubro de 2009

Praça de esportes ou praça de guerra?

Muito falou-se nessa semana sobre esse Flamengo x Botafogo. O lógico seria jogar no Maracanã, mas o Botafogo preferiu fazer diferente. Como o Fogão é o mandante, optou por levar a partida para o Engenhão, como costuma fazer quando joga contra times de fora do Rio. Felizmente a prática de ceder apenas 10% dos ingressos para a torcida do visitante não vale para este jogo. Os ingressos foram divididos meio a meio, embora, ao que parece, não será fácil dividir as duas torcidas no estádio.

Na Gávea, do lado do Flamengo, já se falava do assunto antes mesmo do jogo contra o Palmeiras no domingo passado. Reclamou-se muito que jogar no Engenhão seria, no mínimo, uma imprudência. O time está embalado, a torcida rubro-negra é grande e certamente compareceria em peso. O estádio seria pequeno para acomodar todo o mundo e haveria confusão.

Do lado das autoridades e de quem organiza a partida, mais preocupação. O efetivo policial será de mil homens, o que me parece exagerado. Trezentos desses policiais atuarão dentro do estádio. O Botafogo também contratou seguranças particulares. Haverá uma delegacia móvel e uma carceragem! Se pensarmos que o Maracanã vai ser fechado para reformas a partir do início do ano que vem e que todos os clássicos vão ser jogados no Engenhão, será que vai ser esse Deus nos acuda todas as vezes que houver um jogão?

Uma pausa para acompanhar o noticiário. Torcedores dos dois clubes brigaram e causaram tumulto em Niterói; dois acabaram presos. Já nos arredores do estádio, torcedores do Flamengo e policiais estão se enfrentando. Derrubaram cerca, a polícia mandou bomba de efeito moral e gás de pimenta, aquela esculhambação que a gente já conhece. Será que vai ser sempre assim? Será que um dia o torcedor brasileiro toma jeito? Quando é que ir a uma praça de esportes no Brasil, sobretudo para ver um clássico, deixará de ser um programa de alto risco? Pelo jeito, mil policiais vão ser pouco.

Não posso deixar de comparar essa bagunça com o que ocorre aqui nos EUA. Um evento esportivo é, antes de tudo, um programa para toda a família. Dá para levar a criançada numa boa, sem medo algum. Não se vê briga, arruaça, e olha que aqui se vende bebida nos estádios. Ah! Tampouco se ouve palavrão como se ouve aí. Costumo dizer aos estrangeiros que, para aprender palavrão em português, o melhor curso é ir a um estádio de futebol no Brasil. Após dois tempos de 45 minutos, você sai catedrático no assunto.

Há quem diga que a situação nos estádios americanos é mais fácil de manter sob controle. Salvo raras exceções, os jogos são de uma torcida só, pois cada cidade tem apenas um representante em cada esporte ou campeonato. Não é bem o caso, e dou um exemplo. Fui assistir a um jogo do Nationals, o time de beisebol daqui, e havia muitos torcedores uniformizados do Phillies, clube rival, da Philadelphia. Não foram xingados, não levaram tapa na orelha, não levaram copo de cerveja (ou de coisa pior) nas costas.

Vamos sediar a Copa e as Olimpíadas, está na hora de aprendermos a nos comportar. Já que o povão brasileiro é tão macaco de auditório dos Estados Unidos e copia tantas coisas feitas por aqui, por que não seguimos esse bom exemplo da civilidade dos americanos nos estádios? Só teríamos a ganhar.

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