segunda-feira, 28 de março de 2011

Pobre consumidor brasileiro


As Lojas Americanas mostram que a relação entre comércio e consumidor no Brasil ainda tem muito a melhorar. Em suma, se der problema, o azar é seu, vá resolver com a assistência técnica. A loja quer apenas o seu dinheiro. E o consumidor vai acabar com um produto consertado em vez de novo. Esta foto foi tirada no dia 18/03, à noitinha, na loja do Shopping Valinhos, estado de São Paulo. Ah! Segundo me informa o Procon, a loja tem a obrigação de trocar o produto dentro dos primeiros sete dias da compra.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Verter ou não verter?

Numa troca de mensagens sobre as áreas em que me especializo e os tipos de serviço que presto, uma cliente pediu minha opinião sobre o termo "versão". Não sei exatamente o que ela tinha em mente, mas comecei a escrever. Depois de reler minha resposta, a achei até interessante e resolvi adaptá-la e transcrevê-la para cá.

Como termo, versão é apenas uma convenção. Convencionou-se, no Brasil e, se não me engano, apenas no Brasil, chamar a tradução para a língua estrangeira de versão. Poderia ser outro termo. Que tal transmudação? O que não dá é, como se vê muito por aí, tradutores e agências escreverem em seus websites coisas como "we do translations and versions" ou "we provide translation and version services". Um estrangeiro que desconheça as práticas do mercado local deve ficar sem entender.

Estou ciente de que esse é um segmento forte do mercado brasileiro. Na verdade, aqui no Brasil me aparece mais gente me pedindo para verter do que traduzir. Embora eu seja daqueles que acreditam que brasileiro não deveria estar traduzindo para o inglês, não fecho os olhos para o fato de que essa demanda acaba sendo atendida de uma forma ou de outra. Dependendo do serviço e do cliente, até encaro.

Também acredito que não é porque o sujeito é falante nativo de uma língua que ele vai fazer uma boa tradução. Não temos tradutores brasileiros fazendo trabalho porco em português? Também existem americanos cometendo barbaridades ao traduzir para o inglês. No fim das contas, o sujeito precisa ser bom tradutor. Vencida essa etapa é que vamos ver qual é a sua língua nativa.

Quando um brasileiro traduz do português para o inglês, ele tem a vantagem de entender melhor o que está sendo dito no original. Na verdade, há poucos tradutores qualificados no mundo que tenham o português como principal língua de partida. Normalmente, veem-se profissionais que já traduzem do francês ou do espanhol (há muito mais trabalho envolvendo essas línguas, claro) que aproveitam e se metem a traduzir também do português. Essa turma pena um pouco para entender o que se escreve em português e a maneira como as coisas (não) funcionam aqui. Já vi isso muito na minha carreira.

Mas tem o outro lado. Traduzir, no fim das contas, é escrever. Um falante nativo tem mais desenvoltura com a sua língua do que um estrangeiro. Sempre me lembro do Paulo Henriques Brito, tradutor de literatura e poesia que já recebeu até prêmio lá fora por suas traduções para o inglês. Ele diz que traduzir para uma língua estrangeira é difícil porque você não tem muitas saídas. Quando consegue pensar em uma solução para um problema, você se agarra nele e pronto. No português, temos mais jogo de cintura. Às vezes, conseguimos pensar em duas, três, quatro soluções. Podemos nos dar o luxo de escolher esta ou aquela porque é mais eufônica, mais longa ou mais curta.

Feliz era quem lia o que a Editora Globo produzia antigamente, ao combinar o talento de um brasileiro e um estrangeiro para produzir suas traduções. Mas isso se tornou caro demais e, claro, inviável há muito tempo.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Metade já foi

Vou ser sincero, não consigo me ver como um homem de 40 anos. Tudo bem que as minhas costas teimam em me lembrar que eu realmente cheguei aos 40 e o número das calças já não é mais aquele, mas um homem de 40 anos não dá, vai?! Minha primeira crise de meia-idade? Não, mas é que, com 20, com 30, a gente se imagina aos 40 de outra maneira. Mas quem é que estou tentando enganar? Afinal, já sou um pai de família (e que família!!), casado há quase 10 anos. Um quarentão assumido, pronto.

Os meus amigos mais novos, que me acompanham há muito tempo, devem estar pensando, “nossa ele já tá com 40, tá velho”. Os mais velhos, por sua vez, provavelmente estão dizendo, “feliz é você, que só agora atingiu essa marca; quisera eu ter 40”. Mas, como dizem alguns, a vida começa aos 40. Será? Não, a minha vida começou há 40. E que bela jornada. Não tenho do que reclamar dessa primeira metade de vida que, por assim dizer, se encerrou hoje. Que venham os próximos 40.



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quarta-feira, 2 de março de 2011

Vantagem comparativa

O Estadão de hoje traz uma reportagem sobre o aumento dos gastos da União com viagens a despeito da decisão do governo de fazer cortes nessa rubrica. Segundo o jornal, a ministra do Planejamento insistiu que haverá realmente uma redução. Vamos esperar, não é? Agora, o mais interessante é o que vem depois. Diz o Estadão que “para tornar mais efetivo o controle, as autorizações de viagens de servidores serão transferidas ao alto escalão dos ministérios ou, de preferência, aos próprios ministros. Paremos para raciocinar. O sujeito estuda, trabalha, passa uma vida se preparando para chegar a um cargo no alto escalão de um ministério e, quando chega... vai cuidar de autorização de viagem. É mole?! “Ministro, o senhor já tá indo embora? Não dá para o senhor dar uma olhada aqui nessa papelada? O diretor do departamento tal vai participar de um evento na França e o senhor tem que autorizar a viagem dele.” Ora, um ministro de Estado não tem lá tantas atribuições assim que não possa muito bem se ocupar de autorizar viagens, certo?! Isto é um país muito cocô de louro mesmo.