quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Quosque tandem?

Numa segunda-feira, por volta da hora do almoço, me aparece na porta o Alexandre, meu vizinho, filho da Dona Diva. Sai logo me perguntando:

— Vamos almoçar na churrascaria nova que abriu?

Meio desligado, respondi:

— Que churrascaria é essa?

— Barriga Gaúcha…

Isso foi lá pelos idos de 1995, quando o Fluminense foi campeão estadual em cima do meu Flamengo com aquele fatídico gol de barriga do Renato (logo dele!). Quase fui ao Rio ver aquele jogo. O que evitou o pior foi uma prova de latim no dia seguinte. O latim já me salvou de outras boas também, mas isso não vem ao caso agora.

Mas voltando ao assunto, bons tempos aqueles do Fluminense. Mas no ano seguinte a coisa degringolou. Seria rebaixado, mas acabaria salvo por uma manobra política. Porém, no ano seguinte, caiu para a Segunda Divisão e, em 1998, para a terceirona. Pobre Fluminense. E não é que, mais uma vez, o time se vê muito perto dessa situação. Com a bolinha que vem jogando, não consigo ver salvação.

Contudo, quem imagina que estou feliz com isso está redondamente enganado. Em matéria de futebol, sou bairrista e torço para os times do Rio (claro, menos para o Vasco, mas isso é assunto para outra hora). Cresci vendo os clubes cariocas na TV e prefiro o futebol do Rio. Mas o principal motivo por que não gosto de ver os grandes adversários do Mengão rebaixados é outro. Quem viu o Fla x Flu do último domingo, com mais de 82 mil pessoas no Maracanã, recorde de público do ano no Brasil, sabe do que estou falando. Antes ver um clássico estadual do que um Flamengo x Santo André, Flamengo x Barueri.

Mas é uma pena que o futebol mais charmoso do Brasil, esse futebol que enche o estádio como nenhum outro, tenha um desempenho bem aquém do de seus vizinhos. Há anos os times de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, sobretudo o Cruzeiro, fazem sombra aos cariocas, que penam para se manter na primeira divisão e tentam, sem muito êxito, equacionar suas dívidas. Num esporte em que, segundo Simon Kuper, articulista do Financial Times, os clubes estão fadados a serem deficitários, seja na Europa ou em qualquer outro lugar do mundo, tem-se a impressão de que os cariocas vivem numa realidade só deles. Por que não conseguem aprender com os outros clubes? O que falta para “profissionalizar” o futebol? É difícil entender por que o Flamengo, em particular, não consegue transformar uma nação inteira de torcedores em receita para o clube. Quosque tandem abutere patientia nostra?

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O Flamengo vai ter uma parada dificílima logo mais contra o Vitória, lá em Salvador. O Imperador vai fazer falta. Mesmo jogando mal, ele é fonte constante de dor de cabeça para as zagas adversárias. Num lance fortuito, ele pode meter um canudo de onde estiver e decidir a partida. Vai ser duro assistir ao Dênis Marques tentando e não conseguindo fazer o que o Adriano faz. Oxalá eu queime a minha língua.

No sábado, contra o São Paulo, também vai ser uma pedreira. O tricolor vem sem o Miranda, zagueiro de Seleção, mas o Adriano é uma perda maior. Que o Mengão tire partido da vantagem de jogar em casa e possa se impor.


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Se o Ibson e o Kléberson estivessem nesse time do Flamengo, não teria pra ninguém, vocês vão me desculpar.


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Que maravilha ver o Palmeiras jogar! Está com pinta de campeão. É o Muricy rumo ao tetra. Aquele terceiro gol contra o Santos foi uma pintura, apesar do desfecho ter sido mais um lance de sorte e força do que de habilidade. Foi uma beleza ver a jogada ir se desenhando desde os pés do Diego Souza. Torci para que culminasse em gol porque seria um desperdício e tanto ver a bola cortada por um adversário ou nas mãos do goleiro. Para quem não viu, dê um pulo em http://globoesporte.globo.com/Esportes/Futebol/0,,CCF30584-9825,00.html e se delicie.

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