terça-feira, 5 de maio de 2009

Natal fora de época

Foi sofrido, como foi. E o pior foi que o grito de “É campeão” ficou entalado na garganta mais de duas horas após o jogo haver terminado. A Globo Internacional e o PFC resolveram pregar uma peça nos flamenguistas e botafoguenses e transmitiram ao vivo para os EUA duas finais de campeonatos que já estavam praticamente decididos (que me perdoem os santistas e atleticanos). O jogo do Flamengo só viria depois de ser encerrada a transmissão da final paulista. E como demorou. Mostraram a festa toda, a entrega da taça, o apuro do capitão William com aquele inesperado fogo (Ronaldo reclamou, e com razão, da desorganização; coisas de Brasil misturar fogo com papel picado). Mas eu me mantive impassível e esperei. Felizmente, aqui não tem foguete nem grito do vizinho quando sai um gol. Dá muito bem para assistir ao “teipe” como se o jogo fosse ao vivo.

Mas como eu disse, foi sofrido, e o sofrimento começou na noite anterior. Sei lá o que me deu que eu sonhei que o Botafogo enfiava incríveis 8x0 no Flamengo. Acordei preocupado, com vontade de descer e ir ver o jogo. Mas aí me lembrei que ainda era sábado para domingo e a partida ainda seria jogada. Voltei a dormir. Mais tarde, sonhei que o Fla vencia por 2x1, mas o Bota igualava no finzinho, levava a decisão para os pênaltis e, pior, conquistava o título. Despertei ainda mais preocupado. Coisa de torcedor. Durante o dia, lembrei-me daquela fatídica final do estadual de 89, quando o Botafogo saiu da fila depois de 21 anos sem título. Naquela noite, havíamos ido comer um cachorro-quente lá na 106, no Neto (era bom aquele cachorro…). Já não me lembro bem quem estava comigo (Marcelo Viana?). Ao voltar para a quadra, comentei que estava com um mau pressentimento, que naquele noite ia dar bode. E pior que deu. Mas deixa isso pra lá e voltemos à tarde de ontem, que foi mais feliz.

No Brasil, a torcida já festejava o tri quando a Globo começou a passar o jogo aqui. Mas eu havia resisti e assistiria ao jogo todo para ter a mesma emoção que tiveram aí. Com os 2x0, pensei, “está no bolso”. O pênalti do Vítor Simões, defendido pelo Bruno, me deu a impressão de que ali o Botafogo se entregaria e o Flamengo ainda faria mais. Que nada! O Fogão não estava morto. No empate, me veio à memória a noite mal dormida. “Sequei o Mengão. Vai dar Botafogo nos pênaltis.” A Globo, para o Faustão poder entrar no horário, foi aos poucos cortando um pedacinho aqui e outro ali. Dos 38 do segundo tempo, pularam para os 47 e a expulsão do capita. Viriam os pênaltis e a minha profecia se tornaria realidade. E eu que já me preparava para ir cantar o “Chororô” com a Clarissa e o Rodrigo, que, como bons flamenguistas, já conhecem a letra (E ninguém cala, esse chororô…).

Mas São Bruno estava lá e fechou o gol. Eu estava uma pilha de nervos e o grito de campeão foi um alívio (tri, de novo, o terceiro que eu testemunho desde que me entendo por gente). Só não pude ver a festa toda porque a Globo tinha que seguir em frente com a sua programação “normal”. Bom, no fim das contas, dos males o menor: Perdi o campeonato (duas vezes!) no sonho, mas o pesadelo real acabou sendo dos torcedores do Glorioso.

Mas, alguns devem estar se perguntado, o que tem a ver essa história toda com Natal? Há alguns meses, o Bom Dia Brasil mostrou uma reportagem sobre como a paixão por um clube passa de pai para filho. Um sujeito do Rio definiu com rara precisão a felicidade que é ver o clube do coração ganhar um título. Parafraseando, é a sensação que você tem quando acorda no dia de Natal e sabe que o seu presente está ali te esperando. Sábias palavras. E o pior é que tem gente que não gosta de futebol. Que pena!

P.S.: Eu estava no Brasil quando o Bota ganhou o estadual de 89. Estava aqui nos EUA na conquista do Brasileirão de 92 e neste tricampeonato do Mengão. Será que em todas as finais contra o Botafogo eu vou ter que me ausentar do país para que o Flamengo se sagre campeão? Desse jeito, acho que vou ficar por aqui de vez.

P.S. 2: Num dia desses levei até um puxão de orelha porque não vinha atualizando o blog. Infelizmente o blog não tem sido uma prioridade nos últimos tempos por vários motivos, os quais não posso comentar agora (um dia o faço). Mas aos poucos retomo as coisas por aqui, estejam certos.

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