sábado, 4 de dezembro de 2010

Tradução biunívoca? Com certeza!

Tradução cada vez mais é uma correspondência biunívoca. Uma palavra de uma língua não raro acaba sendo traduzida sempre da mesma forma. O tradutor não para pra pensar que aquilo não é idiomático, não é o sentido do texto original ou, simplesmente, é um erro crasso. Hoje me apareceu no Estadão um 'definitivamente' mal empregado no caderno de Esportes. O contexto deixava mais do que claro que o texto em inglês dizia definitely, palavra para a qual o tradutor tinha várias opções em português: sem dúvida, decerto, é claro que… Ele tinha até o 'com certeza', que, por ser usado e abusado, já me parece de gosto duvidoso. No Brasil de hoje, se você faz uma pergunta que provavelmente receberá uma resposta afirmativa, há uma boa chance de o interlocutor mandar de lá um: “Com certeza!” Virou praga.

Mas voltando à tradução biunívoca, os tradutores não percebem que, dessa forma, estão entregando o ouro ao bandido. Ora, se basta trocar uma palavra por outra, o que, grosso modo, equivale a apertar um botão, qualquer um pode fazê-lo. A tradução por máquina se encaixa perfeitamente aí. Abram o olho, tradutores, pois, ao traduzirem mal e, em consequência, denegrirem o nosso ofício, vocês estão cavando a própria cova... e cada vez mais rápido.

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