quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Coisas do Brasil

É daquelas coisas que só ocorrem aqui ou em países como o nosso. Eu estava fechando a compra de um automóvel numa concessionária lá em Campinas. Claro, faz parte do processo aparecer alguém para lhe vender acessórios para o seu novo carro. Um deles era o tal do insulfilm, a película para escurecer os vidros do carro. A mocinha me explicou que havia três tonalidades: uma mais clarinha, que quase não escurecia nada, uma intermediária e uma bem mais escura, que podia atrapalhar em dias de chuva ou à noite. Fiquei de discutir o assunto com a minha mulher e telefonar no dia seguinte para dizer qual preferiria.

No dia seguinte, telefonei e atendeu uma mocinha diferente daquela com quem eu havia conversado no dia anterior. Ela me disse, vejam só, que a tal película mais escura não era aprovada pelo Detran e podia até resultar em multa. Se eu já havia ficado cabreiro na véspera, imaginem depois de ouvir essa. Como é que uma concessionária — vejam bem, não era uma oficina de fundo de quintal, mas uma concessionária — oferece um produto que, por ser ilegal, pode levar o comprador a ser multado e que, na pior das hipóteses, diminui a visibilidade a ponto de causar um acidente? Não passa pela cabeça de ninguém que isso está errado? Se fosse nos Estados Unidos, esse pessoal provavelmente já não estaria mais vendendo essa película. O primeiro acidente, com ou sem vítima, que decorresse, direta ou indiretamente, desse produto certamente acarretaria um processo de valores astronômicos que tiraria esses picaretas do mercado.

É uma tecla em que sempre bato. O brasileiro parece não enxergar o próximo, não se dá conta de que coisas como essas podem ferir ou até matar outra pessoa. É irresponsabilidade, pura e simples. Ainda falta muito, algumas gerações talvez, para isso aqui melhorar a ponto de não vermos mais esse tipo de coisa. Fico pensando se, ao apanhar o carro amanhã, não seria minha obrigação chamar a atenção da vendedora para esses riscos. Para falar a verdade, acho que seria uma bela perda de tempo. Meu conselho entraria por um ouvido e sairia por outro, podem apostar.

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