quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Está nos olhos de quem vê

Acabei de ler sobre o caso da Sarah Lavigne, mãe e fotógrafa americana que teve o seu perfil retirado do Facebook porque havia fotos dela amamentando o filho. Iniciou-se uma campanha no próprio Facebook para que o perfil dela fosse restaurado, o que já ocorreu, ao que parece.

Essa coisa dos americanos em geral com a amamentação era algo que me incomodava profundamente. Lá nos EUA, a amamentação é coisa para ser feita às escondidas, como se fosse algo indecente. Como tivemos a Clarissa e o Rodrigo lá, vi o problema de perto. Muitas mães vão para o banheiro amamentar o filho. Já imaginou? Comer no banheiro? Outras, com quem travei contato no consultório do pediatra das crianças, tiravam o leite com uma bombinha e punham em mamadeiras mesmo quando podiam oferecer o seio à criança.

Eu me lembro de vários casos interessantes. Uma conhecida, num voo entre São Paulo e Washington, amamentava o filho quando passou uma senhora e jogou-lhe uma manta em cima para “cobrir aquela indecência”. Nós próprios passamos por um caso interessante. Estávamos em uma festa no jardim da casa de amigos brasileiros que moravam lá nos EUA já havia muito tempo. Érica precisou amamentar o Rodrigo e se retirou para a sala de visita, pois lá estava mais tranquilo. Calhou de o filho dos donos da casa, americano, com seus 10, 11 anos, acredito, entrar na sala. O menino ficou branco, estático, como se estivesse vendo coisa de outro mundo. Coitado, para ele, era.

Se você vai a uma loja de artigos de bebê, você vê lá uns panarecos horríveis que eles vendem para preservar a privacidade do ato. Cheguei até a tirar fotos desses troços nas lojas, mas não tenho tempo para procurá-las agora em meio a milhares de fotos. A mãe se enrola naquilo e mete a criança lá dentro para poder amamentar sem que ninguém veja o que está ocorrendo. Imagina que desconforto para o bebê, o calor ali dentro. Coitadinho.

No fim das contas, e o que mais me incomoda, é que essa papagaiada toda ocorre no país que mais produz pornografia no mundo. O que para nós é a coisa mais natural que uma mãe pode fazer é tratada como se fosse um atentado ao pudor. É preciso uma cabecinha muito perturbada para ver indecência em uma mãe amamentando um filho.

2 comentários:

  1. Hmm... Barrigão de 7 meses e na cabeça a convicção de que amamentar é um momento íntimo entre mãe e filha/o. Não pretendo deixar nem a minha própria mãe me ver amamentando. Mas não sei, né? Ainda não passei o perrengue de ter a criança se esgoelando de fome e ter que tirar o peito no meio da rua mesmo, por isso continuo dizendo que só tenho a convicção.
    Ah, e eu comprei o pano de esconder amamentação. Pretendo usá-lo bastante (outra vez, outro pensamento que tá na teoria. A ver a prática).
    Abçs!

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  2. Cada um com seu cada um. Não sei se é exatamente, ou apenas, um momento íntimo entre mãe e filho. É uma interação única e um momento que a mãe tem para reforçar um vínculo que só existe entre ela e o filho. E você vai ver que, espero, terá que alimentar a Júlia tantas vezes que a amamentação vai se tornar uma coisa corriqueira.

    Quando a Érica amamentava a Clarissa era um momento que eu tinha só pra mim. Eram uns 20 minutos, por aí, em que eu podia fazer o que tivesse vontade, pois os dois não precisavam de mim naquela hora.

    Agora, nada como a prática para rejeitar a teoria. Mães e pais, sobretudo elas, fantasiam um monte de coisas, como vai ser, como não vai ser etc., mas a realidade dá um jeito de lançar por terra muitos desses planos e ideias. Coisas como "o meu filho não vai chupar chupeta de jeito nenhum" são deixadas de lado rapidinho. Bastam umas poucas horas de choro nos primeiros dias para a mãe correr para ferver aquela chupeta que ela comprou só por via das dúvidas. Você vai ver.

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