sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Casa, comida e… saudade

Na cidade onde moro, há um restaurante de onde costumo pedir comida. Quando pego o telefone para ligar para lá, já vou meio ressabiado. É que lá tem um senhor que não é fácil. Vou discando os números e torcendo para que não seja ele quem atenda. Às vezes a torcida não dá certo e aí se segue um diálogo iniciado mais ou menos assim. Ele atende o telefone e eu digo:

— Boa tarde.

— Como é que é?!

E aí vai mais de um minuto para eu fazer o homem entender que a minha quentinha é pequena, com arroz integral, sem farofa... Houve um dia até em que ele já ia desligando o telefone sem nem pegar nome e endereço. Não sei se ele é moco ou meio devagar mesmo, mas só sei que estou com saudade dele. Não, na verdade estou com saudade da quentinha do restaurante, mas não me importaria se o senhor me fizesse chegar aqui a Santiago uma quentinha daquelas com carne de panela que eles servem às sextas.

Sabe, nesse período aqui, já se vão quase dois meses, descobri que o que faz a nossa casa é exatamente isso: a nossa comida, a que estamos acostumados a comer no dia a dia. Vou tomar a liberdade de modificar aquele velho ditado americano que diz que “home is where home is”. Não é não. “Home is where our food is”, “our food”, claro, no sentido que mencionei. Você pode estar no conforto que for, mas não é a mesma coisa sem a sua comidinha. Agora entendo bem o que sofriam a minha mãe, o meu sogro, a minha sogra quando iam visitar a gente lá nos EUA e saíamos para jantar. Coitados.

Mas não foi hoje que me bateu isso (bateu foi a vontade de escrever). Essa ideia me veio à cabeça fazia 10 dias que eu estava aqui e só tem sido reforçada. E olha que não tenho me alimentado mal. Tenho comido muita coisa de que gosto, peixe, mariscos, empanadas, ceviches, cerejas e nectarinas maravilhosas, mas falta uma coisa. Talvez o problema seja agravado pelo fato de que vamos ficando mais velhos e menos tolerantes. Nosso organismo já não aguenta aventuras e novidades gastronômicas como aguentava antes, quando éramos (mais) jovens. E como ainda sou um “velho” prestes a completar apenas 42 anos, ainda sobra muito tempo para a coisa piorar.

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