sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Mas que lambança

Esta eleição vai entrar para a história, mas não propriamente pelos candidatos ou pelas campanhas que se viram até aqui. Para falar a verdade, fiquei meio decepcionado com o que vi, ou melhor, com o que não vi. Talvez o problema seja que a minha principal referência é a eleição de 1989, a primeira eleição direta desde aquele em que se elegeu Jânio Quadros. A de 1989 foi uma festa. Todos queriam mostrar que apoiavam este ou aquele candidato. Era bóton na roupa, bandeira para todo lado, adesivos nas janelas, nos carros. Vi muito pouco disso. Parece que o conformismo dominou a população. Claro, os meios hoje são outros. Muito da campanha passou para o Twitter, o Facebook, o email, mas, mesmo assim, Dilma já entrou praticamente vencedora e Serra e os demais já começaram meio que derrotados.

Mas eu dizia que esta eleição vai entrar para a história. É por causa da lambança que fizeram. Vamos às urnas no domingo sem sabermos ao certo de que documento precisaremos. A rigor, com a decisão de ontem do STF, basta levar um documento com foto; o título de eleitor, que muita gente ficou na fila para tirar na última hora, não vale nada. Mas e se um mesário desinformado resolve criar caso e não deixar um eleitor sem título votar? Isso vai dar confusão. O mais lamentável dessa história toda é que isso tudo não precisava ter ocorrido. Todos os partidos haviam concordado que o título e um documento com foto eram necessários. Mas aí o PT (e não é porque foi o PT, fosse quem fosse) se dá conta de que corre risco de perder votos e resolve entrar com aquela ação de inconstitucionalidade aos 45 do segundo tempo. Grande PT!

Mas a lambança não fica só aí. Votaremos no domingo, mas a decisão final poderá ser no tapetão, e o que é pior, do STF. O seu candidato pode ganhar, mas não levar. Se um candidato ficha suja for eleito e o STF decidir, sabe lá Deus quando, que a Lei da Ficha Limpa já vale a partir de agora, como é que fica aquele sistema louco do quociente eleitoral? A contagem seria toda alterada, imagino. Li há pouco que o TSE vai divulgar à parte os votos de quem teve a candidatura barrada por causa da nova lei. Por via das dúvidas, o melhor é só comemorar depois que o Supremo chegar a uma decisão. E o meu medo é que, na hora do desempate, já saberemos quem poderá ser beneficiado caso a lei passe a valer a partir deste pleito ou do próximo. Isso pode, por que não, influenciar a decisão. É esperar para ver.

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