sexta-feira, 8 de abril de 2011

Quero meu lugar marcado

Sabe, me dá uma tristeza quando vejo aquele pessoal acampado há dias na porta do Morumbi para ver o U2. Não é pelo U2. Eu vi esse show. É uma beleza, sobretudo aqueles timbres do The Edge. É difícil um guitarrista tocar e, na hora, você distinguir quem é. O The Edge é um desses. Mas voltando à vaca fria, seria tão mais prático se todos tivessem seu lugar marcado. No começo é meio frustrante. Eu me lembro de como fiquei chateado quando vi o Metallica e o Guns de um lugar bem ruim, no Coliseu, em L.A. Fiquei no gramado, mas no lado oposto de onde estava o palco, com aquela maldita torre de som atrapalhando a minha visão.

Mas, com o tempo, a gente se acostuma. É mais fácil. Você pode chegar em cima da hora, sair para comprar uma cervejinha, comer um negócio, ir ao banheiro, dar uma volta para espairecer. Para quem é baixinho, mulher ou mais velho, lugar marcado é tudo de bom. Uma vez levei minha mãe para ver o G3 (Satriani, Vai e Malmsteen) no Warner Theater, em DC, e ela pôde curtir o show numa boa, sem levar trancos, empurrões.

Sei que há shows pelo mundo afora sem lugar marcado. Os grandes festivais na Europa, os shows em lugares, digamos assim, mais intimistas nos EUA. Uma vez vi o Steve Vai num lugar destes, o Birchmere, em Alexandria, VA. Como fez falta um lugar marcado. Do alto do meu 1,74 e meio (esse meio centímetro já me salvou de boa), me vi cercado de gente mais alta do que eu. Foi difícil. Tentava ver o que o Vai tocava, mas só conseguia ver o homem da barriga para cima. E, se não me lembro, nem telão tinha.

No fim das contas, se você não pode ver o show direito, qual é a graça? Ficar em casa e assistir ao DVD dá quase no mesmo. Ora, quantas pessoas não vão a um show e acabam assistindo a ele pelo telão? Tem a energia, coisa e tal, mas, se a tua necessidade é energia, mete o dedo na tomada. E na minha idade, eu quero é sossego. Show agora, só na boa. Rock in Rio? Mas nem que me paguem e me levem de limusine.