segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

E Washington ficou para trás

Deixamos Washington no sábado, 16 de janeiro. Ufa! Foi uma pedreira. Após a partida do contêiner, chegamos a imaginar que teríamos umas duas semanas tranquilas para passear e curtir a cidade que tão bem nos acolheu por oito anos. Estávamos redondamente enganados e nem imaginávamos o que teríamos pela frente. Foi um período cansativo, de muito aborrecimento e problemas com a empresa de mudança, que infelizmente ainda não chegaram todos ao fim. Mas deixemos isso pra lá.

As lembranças que queremos guardar são as dos amigos, muitos, que fizemos nesses oito anos. Pessoas que estiveram com a gente até quase o último momento. São grandes amizades, que durarão para sempre. Também guardarei com carinho a rica experiência profissional e de vida que adquiri nesses oito anos, experiência esta que vai me ajudar na minha caminhada futura. Por tudo isso e muito mais, só tenho a agradecer à cidade. Obrigado, Washington!

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Em nossos dois últimos dias em Washington houve, claro, momentos de emoção. Na sexta-feira, Clarissa foi ao seu último dia na escola em que estudava. Uns dias antes, ela havia dito que não queria chorar na frente dos coleguinhas. Ao deixá-la de manhã, era eu quem pelejava para controlar as lágrimas. Imaginava o que passava pela cabecinha dela. Mas foi só ela sair do carro que eu não me segurei. Fiz o caminho de volta às lágrimas. Mas não posso pôr a culpa só na Clarissa. Também havia naquele choro emoções só minhas, que eu havia contido nos últimos dois meses.

Mas houve também um momento no mínimo cômico. No caminho de volta, passei na lavanderia, pois precisava apanhar umas camisas que enviaria na mudança que seguiria por avião. Entrei no estabelecimento, peguei as camisas e me despedi do senhor coreano que me atendia na maioria das vezes em que eu ia lá. Agradeci a ele os anos de serviços prestados e lhe disse que estava indo embora para o Brasil. Em meio a isso tudo, tive novamente que conter o choro. Já imaginaram que patético? Chorar ao se despedir do coreano da lavanderia?! É nisso que dá deixar as emoções todas para a última hora.

Já no avião, rumo a Orlando, também precisei me segurar. Clarissa certamente foi quem mais sentiu ter de deixar Washington. Ela gostava muito da escola e estava muito apegada aos colegas de classe. Enquanto o avião taxiava, Clarissa olhava pela janela, chorava e vinha se encostar no meu ombro. E eu ali, me segurando, tentando ser forte para apenas confortá-la e tentar de alguma forma fazê-la perceber que dias melhores viriam. Mas aí ela voltava para a janela e chorava mais. Isso se repetiu até um pouco depois da decolagem. Foi duro. Mas agora isso são águas passadas. Na segunda-feira que vem, na nova escola, ela descobrirá novos amigos, que se juntarão aos antigos, e tudo acabará bem.

Nos próximos dias, Orlando e a Disney, um encontro curioso e minhas primeiras impressões do Brasil. Até lá.