quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Sangue, suor e lágrimas

Pronto, foi. Como disse Churchill, foi sangue, suor e lágrimas. Acima de tudo, foi muita aporrinhação. Mudança já é uma porqueira e fica pior quando a empresa comete erros na organização. Vou sentar e escrever com muita calma uma carta com a mão bem pesada (enquanto escrevia isso, a vice-presidente de operações internacionais da empresa telefonou; acabei dizendo algumas coisas que preferiria ter guardado para a carta, mas ainda assim vou escrever).

Mas já são águas passadas. Bom que o contêiner foi embora e a casa ficou vazia (quase). Agora, se me dão licença, vou tomar um bom vinho e comer pizza, que, pelo burburinho lá em cima, deve estar chegando. Se eu não aparecer por aqui amanhã, ficam os meus votos de um 2010 extasiante. O meu vai ser.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O caso Sean Goldman

Ontem uma colega do Fundo me perguntou o que eu achava do caso, que está em todos os jornais e noticiários. Eu vejo a questão de forma bem clara, mas por dois pontos de vista diferentes.

A decisão de devolver a criança ao pai é a melhor para o menino? Não, não é. Onde ele terá uma vida melhor? Em Nova Jérsei, onde passará o dia inteiro na escola porque o pai, imagino, terá que trabalhar para sustentá-lo? Ou no Rio de Janeiro, no seio de uma família rica? A escolha é fácil. Eu prefiro o Rio.

Mas há outra questão. O que a mãe fez foi errado. Ela enganou o marido ao viajar ao Brasil para passar férias com o filho e, em seguida, decidir nunca mais retornar. Eu me coloco no lugar do pai e acho que esse erro precisa ser reparado. Ao tomar a decisão de não voltar aos Estados Unidos com o filho, a mãe nem fazia idéia da confusão em que meteria a sua família.

É claro, numa véspera de Natal, sinto pela avó do menino, que não tem culpa alguma, e se viu envolvida nisso tudo. Ela, o Sean e a irmãzinha de um ano e três meses são as maiores vítimas de um erro cometido lá atrás, há cinco anos. É uma pena que a Justiça tenha demorado tanto a resolver isso. Uma solução célere teria evitado muito da dor que se sente agora e se sentirá por muitos anos.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Como virei tradutor

Um grande amigo e tradutor pediu aos colegas que escrevessem em seu blog sobre como viraram tradutores. Eu escrevi isto que segue e, por que não, resolvi colocar aqui também. A história é velha, mas ainda há um ou outro que não a conhece. Divirtam-se.

Comecei a estudar inglês aos 11 anos. Odiava! Minha mãe me deixava na Cultura Inglesa, mas eu não ficava lá. Dava a volta no prédio e ia jogar bola... devagarzinho, na sombra, claro, para não suar e chegar em casa com cara de quem não estava na aula. Tudo correu bem até chegar o primeiro boletim. Constava lá que o aluno era bom, mas apenas quando aparecia na aula. Minha mãe passou a me levar até a porta da sala, literalmente. Mal sabia ela o impacto que aquilo teria nas décadas seguintes da minha vida.

Saltemos para fins de 1993. Após voltar dos EUA, onde havia estudado música, todos me aconselharam a fazer o vestibular e buscar uma profissão de verdade, que aquele negócio de ser músico não dava futuro a ninguém. Abri um guia do vestibulando, ou coisa que o valha, da Editora Abril e fui folheando. Cheguei ao fim e a única coisa que me havia parecido razoavelmente interessante havia sido, vejam vocês, tradução. Eu já falava inglês, então meio caminho já estava andado, pensei. E lá na federal da minha cidade havia um curso.

Entrei no curso de tradução da UnB em meados de 1994, me formei em 1998 e voltei à minha alma mater em 1999, onde dei aula durante dois anos. Em 2001, veio o concurso para tradutor no FMI. Quando vim fazer a entrevista em Washington, alguém me recomendou que eu não contasse a história de como ingressei na profissão porque não ficaria bem, era muito feio aquilo. Mas é claro que eu contei, oras! Por que perderia a oportunidade?

Bom, após o que terão sido oito anos de FMI, volto de mala e cuia para o Brasil e para o mercado freelancer. É chegada a hora de começar a escrever mais um capítulo desta história, que, tenho certeza, será venturoso.

domingo, 6 de dezembro de 2009

A batalha do Couto Pereira

Em agosto, quando estivemos no Brasil, visitamos Curitiba. Eu, claro, apreciador do futebol, fui assistir a um jogo lá no Alto da Glória. Passei um aperto. O Cruzeiro passou por cima do Coxa por 3 x 1 e o pau comeu. Quando o time mineiro fez 3 x 0 com 10 minutos do segundo tempo, uma das torcidas organizadas se enfureceu, derrubou um alambrado e iniciou-se a confusão. Não quis esperar para ver no que ia dar, pois não estava na minha cidade nem sabia que proporção a coisa poderia tomar. Peguei o rumo do hotel. Lamentei apenas perder o golaço marcado pelo Marcelinho Paraíba na ocasião.

Mas por que estou falando disso? Estava vendo pela Internet o caos que tomou conta do estádio após o empate que deixou o Fluminense na primeira divisão e relegou o Coxa à segundona no ano do seu centenário. Tristes cenas; o que eu passei nem se compara. O que para ser uma batalha apenas futebolística descambou para a violência. É desolador ver o estádio ser depredado pelos próprios torcedores do clube e, pior de tudo, ver aqueles pobres policiais arriscarem a pele para conter um bando de marginais. Coitados, poderiam estar em casa, curtindo o domingo ao lado da família, mas estavam ali, trabalhando. Muitos deles devem ser coxas-brancas e certamente estavam sofrendo tanto quanto os torcedores nas arquibancadas. Cadeia para esses baderneiros que tornam a ida a uma praça de esportes um programa de alto risco!

x - x - x - x

Um adendo: Tem que acabar esse negócio de o time ficar no vestiário esperando os outros jogos começarem para só então entrar em campo. Os jogadores valem-se desse expediente para saberem o desfecho dos outros jogos enquanto a bola ainda rola na sua partida (como se isso fosse ajudar em muita coisa). Que haja uma multa pesada para essa turma aprender a respeitar compromisso. Se o jogo está marcado para as 17h, tem que começar às 17h. Que tal derrota por w.o. para a equipe que não estiver lá na hora marcada? Talvez eu esteja pedindo demais, ainda mais no país do jeitinho, da acochambração. Mas que tem que ser por aí, pois brasileiro só entende e obedece na marra.

Aniversário do blog

Fui notar hoje que o blog fez um ano no dia 2 de dezembro. Não tenho dado muita atenção a ele, eu sei. Ontem, uma leitora, que eu nem sabia que me acompanhava, veio me perguntar por que eu nunca mais havia escrito nada. É, estou em falta mesmo, mas tenho um bom motivo. Estamos nos mudando e, com isso a vida está de pernas para o ar. Não vou ter muito tempo para escrever pelo menos até as coisas serem empacotadas e o caminhão de mudança sair daqui. Tenham paciência e fiquem por aí, leitores, que volto a escrever tão logo possa. Aquele abraço!

O hexa

Na última vez em que o Flamengo foi campeão brasileiro, eu morava aqui nos Estados Unidos. Não havia Internet e eu nem me lembro como fiquei sabendo da notícia. Agora, 17 anos depois, o Mengão repete a façanha. Será que eu preciso estar no exterior para o Fla ser campeão brasileiro? Oxalá não!

Não foi um jogo exatamente bonito, muito pelo contrário. Foi um jogo sem sal, sem muita emoção. E para quem imagina que estou dando pulos de alegria, não estou. Não se foi o jogo morno, a idade, a distância do Brasil. Estou feliz, claro, mas é uma felicidade contida.

Mas parabéns ao time e à torcida, pois nem o mais otimista rubro-negro imaginava um desfecho desses. A Libertadores já estaria de bom tamanho, mas deixaram o Mengão chegar. E, como vocês bem sabem, quando deixam o Mengão chegar...